Youtubers literários: reflexos do ensino de literatura nas práticas letradas de divulgação, resumo e análise de obras nacionais
Palavras-chave:
Ensino de literatura, Nacionalismo, YoutubersResumo
O YouTube é uma plataforma de compartilhamento de informações por meio de vídeos que atraem os jovens na atualidade. Dentre seus diversos canais, há aqueles que se pretendem educativos, por exemplo, vídeos de youtubers que explicam, resumem e analisam obras literárias cobradas em vestibulares, ou ainda, que dão aulas de literatura especialmente voltadas para o Exame Nacional do Ensino Médio. Esses youtubers, ou, mais especificamente, booktubers – como são denominados os que gravam vídeos sobre livros e literatura –, têm atraído milhares de seguidores estudantes do ensino básico no Brasil, ratificando o conteúdo das aulas de literatura, tanto no quesito estrutural quanto ideológico. Assim, este artigo visa analisar o conteúdo dos vídeos em contraste com o conteúdo do ensino formal – definido pelos documentos oficiais e apresentado por Rezende (2013) e Cosson (2011) –, para compreender, nessas práticas digitais, como aparecem os nacionalismos enraizados nas teorias brasileiras do século XX que fundamentam o ensino de literatura. Para compor o corpus de pesquisa deste artigo, foram analisados quatro vídeos, sendo dois deles sobre a obra Iracema, de José de Alencar, e dois sobre a obra Macunaíma, de Mário de Andrade, inseridas nas escolas literárias do Romantismo e do Modernismo, respectivamente. De modo geral, como prática de letramento literário, os vídeos têm contribuído para corroborar a ideologia dominante no ensino de literatura: o nacionalismo. Além disso, os booktubers restringem suas análises a apenas uma possibilidade interpretativa dos textos, o que pode limitar a possibilidade que a literatura tem de permitir incontáveis leituras e identificações.
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