A perspectiva pragmática na avaliação formativa: caminhos para a formação do professor mediador na revisão textual

Authors

  • Luzia Schalkoski-Dias
  • Rosane de Mello Santo Nicola

Keywords:

Avaliação formativa, Correção textual-interativa, Bilhete orientador

Abstract

Este artigo pretende refletir sobre a importância da perspectiva pragmática na avaliação formativa, relacionando a intencionalidade interventiva do professor í s estratégias discursivas de gestão da relação interpessoal, para uma efetiva qualidade de feedback ao estudante. Apresenta um enfoque interdisciplinar de análise de um bilhete orientador de reescrita, mobilizando referenciais de três áreas de pesquisa: a educação, particularmente, as teorias sobre avaliação da aprendizagem numa abordagem por competências; a linguí­stica aplicada, em especial, os estudos referentes ao processo de escrita e reescrita numa concepção sociointeracionista de linguagem; e a pragmática, especificamente, a pragmática interpessoal, com desdobramentos e aplicações na pedagogia da comunicação. Os resultados revelam o uso de estratégias que atendem í s necessidades tanto da face positiva quanto da face negativa do interlocutor, como: elogio (enfatizando a face de competência), justificativa para solicitações (enfatizando as faces de afiliação e de autonomia) e concordância (considerando as faces de solidariedade e competência). As solicitações feitas de forma indireta e menos impositivas expressam estratégia de preservação de face, assim como o uso de atenuantes lexicais e gramaticais. Os resultados corroboram para a importância de se incorporar a perspectiva da pragmática interpessoal, bem como da comunicação instrucional, com ênfase nas estratégias discursivas de gerenciamento da face, à formação inicial e continuada, tanto do professor de lí­ngua materna e estrangeira como de docentes de outras áreas, visto que revisam textos, avaliam trabalhos escritos e apresentações orais, fornecendo feedback continuamente.

Downloads

Download data is not yet available.

References

AMES, C. Classrooms: Goals, structures, and student motivation. Journal of Educational Psychology, n. 84, p.261-271, 1992.

ARUNDALE, R. B. Face as Relational and Interactional: A Communication Framework for Research on Face, Facework, and Politeness. Journal of Politeness Research, v. 2, n.2, p.193-216, 2006.

BAZARIM, M. Os gêneros na construção da interação entre professora e aluno(s) e os impactos no processo de ensino-aprendizagem da escrita. In: GONÇALVES, A.V.; BAZARIM, M. (Orgs.) Interação, gêneros e letramento: a (re)escrita em foco. 2. ed. Campinas: Pontes Editores, 2013, p. 237-257.

BLUM-KULKA, S.; HOUSE, J.; KASPER, G. (eds.). Cross-cultural pragmatics: requests and apologies. Norwood, NJ: Ablex, 1989.

BROWN, P.; LEVINSON, S. Politeness: Some universals in language usage. Cambridge University Press, 1987 [1978].

CLIFFORD, M. M. Risk taking: Theoretical, empirical, and educational considerations. Educational Psychologist, v. 26, p. 263-297, 1991.

CONTRERAS, D. J. La investigación en la acción: ¿Qué es? ¿Cómo se hace? Cuadernos de Pedagogí­a. Espanha, n. 224, 1994, p. 8-12.

CUSELLA, L. P. The effects of feedback on intrinsic motivation: A propositional extension of cognitive evaluation theory from an organizational communication perspective. Communication Yearbook, v. 4, p.367-387, 1980.

DALY, J.A.; VANGELISTI, A. L. Skillfully instructing learners: How communicators effectively convey messages. In: GREENE, J. O.; BURLESON, B. R. (Ed.). Handbook of communication and social interactions skills, Mahwah, NJ: Erlbaum, 2003, p. 871-908.

DELUIZ, N. O modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na educação: implicações para o currí­culo. Boletim Técnico do SENAC. Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, set./dez. 2001.

GOFFMAN, E. Interaction Ritual: essays on face-to-face behavior. New York: DoubledayAnchor, 1967.

HABERMAS, J. Teorí­a de la Acción Comunicativa. Tradução de Manuel Jiménez Redondo. Madrid: Taurus, 1988. v. I e II.

HAUGH, M. Face and Interaction. In: BARGIELA-CHIAPPINI, F.; HAUGH, M. (ed.). Face: Communication in Social Interaction. London: Equinox, 2009, p. 1-24.

HESS, J. A.; MAZER, J. P. Editor"™s introduction: Interpersonal communication in instructional settings. Communication Education, v. 66, n. 1, p. 109-110, 2017.

KERSSEN-GRIEP, J.; HESS, J. A.; TREES, A. R. Sustaining the desire to learn: Dimensions of perceived instructional facework related to student involvement and motivation to learn.Western Journalof Communication, v. 67, n. 4, p. 357-381, 2003.

KERSSEN-GRIEP, J. Teacher communication activities relevant to student motivation: Classroom facework and instructional communication competence. Communication Education, v. 50, p.256-273, 2001.

KUENZER, A. Z. Training and Certification of Professional Competences: Living knowledge International Journal of Community Based Research, Germany, v. 1, n. 3, p. 16-17, 2004.

LIM, T. S.; BOWERS, J. W. Facework: Solidarity, approbation, and tact. Human Communication Research, v. 17, p.415-450, 1991.

LUCKÉSI, C. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011.

MARINHO-ARAÚJO, C. M.; RABELO, M. L. Avaliação educacional: a abordagem por competências. Avaliação. Campinas; Sorocaba, v. 20, n. 2, p. 443-466, jul. 2015. Disponí­vel em: http://www.scielo.br/pdf/aval/v20n2/1414-4077-aval-20-02-00443.pdf. Acesso em: 03 mar. 2017.

MÁRQUEZ-REITER, R. Linguistic politeness in Britain and Uruguay: A contrastive studyof requests and apologies. Philadelphia, PA: John Benjamins, 2000.

MENEGASSI, R. J. Revisão de textos na formação docente inicial. In: GONÇALVES, A. V.; BAZARIM, M. (Orgs.). Interação, Gêneros e Letramento: a (re)escrita em foco. 2. ed. Campinas, SP: Pontes, 2013, p.105-131.

MUNIZ JR., J. de S. Revisor, um maldito: questões para o trabalho e a pesquisa. In: RIBEIRO, A. E.; VILELLA, A.M.; SOBRINHO, J. C.; SILVA, R. B. da. (Orgs.). Leitura e escrita em movimento. São Paulo: Peirópolis, 2010, p. 269-289.

NASCIMENTO, C. E. Os bilhetes orientadores da reescrita e a aprendizagem do gênero relatório de experiência. In: GONÇALVES, A.V.; BAZARIM, M. (Orgs.). Interação, gêneros e letramento: a (re)escrita em foco. 2. ed. Campinas: Pontes Editores, 2013, p. 65-81.

PUNYANUNT-CARTER, N. M.; ARIAS, S. The interplay betwen interpersonal comunication and instructional communication. Communication Education, v. 66, n. 1, p. 118-120, 2016.

RUIZ, E. D. Como corrigir redações na escola: uma proposta textual-interativa. 1. ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2010 [2001].

RYAN, R. M.; DECI, E. L. Self-determination theory and the facilitation of intrinsic motivation, social development, and well-being. American Psychologist, v. 55, p. 68-78, 2000.

SCARAMUCCI, M. V. R. A avaliação no ensino aprendizagem de lí­nguas e nas pesquisas em Linguí­stica Aplicada. In.: MULIK, K. B.; RERTORA, M. S. (Orgs.). Avaliação no ensinoaprendizagem de lí­nguas estrangeiras: diálogos, pesquisas e reflexões. Campinas: Pontes, 2014, p. 257-261.

SCHALKOSKI-DIAS, L. Estratégias de polidez linguí­stica na formulação de pedidos e ordens contextualizados: um estudo contrastivo entre o português curitibano e o espanhol montevideano. 2010. 224 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguí­sticos). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.

SCRIVEN, M. The methodology of evaluation. In: TYLER, R. W.; GAGNÉ, R. M.; SCRIVEN, M. (Ed.). Perspectives of Curriculum Evaluation. Chicago: Rand McNally, 1967, p. 39-83.

SEARLE, J. R. Indirect Speech Acts. In: COLD, P., MORGAN, J., Syntax and Semantics, vol. 3. New York: Academic Press, 1975, p. 59-82.

SERAFINI, M. T. A. Como escrever textos. 9. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1998.

SIGNORINI, I. (Org.). Prefácio. In: SIGNORINI, I. (Org.). Gêneros catalisadores: letramento e formação de professores. São Paulo: Parábola, 2006, p. 7-18.

SIFIANOU, M. On the Concep of Face and Politeness. In: BARGIELA-CHIAPPINI, F.; KÁDAR, D. Z. (Ed.). Politeness Across Cultures. New York: Palgrave Macmillan, 2011, p.42-58.

SPERNCER-OATEY, H. Face, (Im)politeness and Rapport. In: SPENCER-OATEY, H. (ed.). Culturally Speaking: Culture, Communication and Politeness Theory. London: Continuum, 2008, p. 11-47.

TEIXEIRA, E. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

TING-TOOMEY, S. The Matrix of Face: An updated face-negotiation theory. In: GUDYKUNST, W. B. (ed.) Theorizing about Intercultural Communication. London: SAGE Publications, 2005, p. 71-92.

WATTS, R. J. Politeness. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

Published

2017-06-05

How to Cite

SCHALKOSKI-DIAS, L. .; NICOLA, R. de M. S. . A perspectiva pragmática na avaliação formativa: caminhos para a formação do professor mediador na revisão textual. Diálogo das Letras, [S. l.], v. 6, n. 1, p. 199–222, 2017. Disponível em: https://periodicos.apps.uern.br/index.php/DDL/article/view/949. Acesso em: 27 nov. 2024.

Most read articles by the same author(s)