Ensino de argumentação para emancipação e decolonialidade
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952024v13e02435Palabras clave:
Ensino de Argumentação, interculturalidade, Emancipação, DecolonialidadeResumen
Nos últimos anos, temos visto esforços acadêmicos no sentido de conceber a argumentação como uma prática social de discussão de questões controversas balizada não por axiomas, universalismos e atemporalidades, mas pelas condições sócio-históricas e culturais de um grupo, que nem sempre visam ao consenso, mas ao aprofundamento das diferenças. Nesse contexto, nossas pesquisas e as de grupos parceiros articulam os estudos da argumentação com os do letramento, elaborando propostas de ensino menos tecnicistas e mais voltadas ao desenvolvimento da criticidade, reflexividade e da dialogicidade, para promover a inserção dos estudantes em práticas sociais de linguagem que os desafiam a mobilizar suas capacidades argumentativas. Neste ensaio, adicionamos os propósitos do pensamento decolonial à proposta de ensino de argumentação em perspectiva emancipadora. Assim, (1) salientamos a preponderância da dimensão cultural nas interações argumentativas para a elaboração dos planejamentos de ensino, que visem à decolonialidade do ser; (2) destacamos a importância de ensinar o estudante a colocar um assunto em questão como forma de promover a curiosidade epistemológica e, portanto, a criticidade perante as razões dos acontecimentos e as ações a tomar, como estratégia para focalizar a decolonialidade do saber. Por fim, por considerar que a argumentação não é uma atividade alexitímica, discutimos a problemática das paixões na argumentação
Descargas
Citas
ALVES LIMA, S. F. Didatização da situação argumentativa: análise de uma atividade do ‘Manual de lectura y escritura argumentativas’. EID&A – Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, v. 19, n. 2, p. 138-153, 2019. DOI: https://doi.org/10.17648/eidea-19-v2-2458. Disponível em: https://periodicos.uesc.br/index.php/eidea/article/view/2458. Acesso em: 13 nov. 2024.
AMOSSY, R. A argumentação no discurso. Coordenação da tradução: Eduardo Lopes Piris e Moisés Olímpio-Ferreira. São Paulo: Contexto, 2018.
ARAÚJO, J. C. D.; AZEVEDO, G.; MORAIS, D. P. Multiletramentos no ensino de argumentação emancipadora. Linha D’Água, v. 36, n. 3, p. 91-105, 2023. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v36i3p91-105. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/211413. Acesso em: 13 nov. 2024.
ARISTÓTELES. Retórica. Tradução de Manuel Alexandre Júnior et al. Martins Fontes: São Paulo, 2012.
AZEVEDO, I. C. M. Articulação entre linguagem, discurso e cultura na Pedagogia dos Multiletramentos: como os diferentes mundos da vida se fazem presentes em práticas escolares situadas ao sul do equador. Revista Linguagem em Foco, v. 13, n. 2, 2021. p. 75-85. DOI: https://doi.org/10.46230/2674-8266-13-5565. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/5565. Acesso em: 13 nov. 2024.
AZEVEDO, I. C. M. Formação de professores com foco no ensino de argumentação na Educação Básica. In: AZEVEDO, I. C. M.; PIRIS, E. L. (org.). Argumentação e discurso na multidisciplinaridade. Campinas: Pontes, 2024. p. 377-401.
AZEVEDO, I. C. M.; MOURA, M. O. Letramento Crítico e retórica associados à construção de pontos de vista em práticas de ensino de argumentação. In: SÁ MARTINS, A. P.; KERSCH, D. F.; TINOCO, G. A.; AZEVEDO, I. C. M. (org.). Letramentos e argumentAÇÃO: questões conceituais e de ensino. Campinas: Pontes, 2021. p. 117-142.
AZEVEDO, I. C. M.; PIRIS, E. L. Pedagogia da esperança e argumentação emancipadora. In: REICHMANN, C. L.; MEDRADO, B. P.; COSTA, W. P. A. (org.). Nas fronteiras e margens: desenvolvimento de professores de línguas como território de esperanças. Campinas: Pontes, 2023. p. 83-106.
AZEVEDO, I. C. M.; SANTOS, M. F.; CALHAU, S. P. J.; LEAL, V. C.; PIRIS, E. L. Dez questões para o ensino de argumentação na educação básica: fundamentos teórico-práticos. Campinas: Pontes, 2023.
BARCELOS, A. M. F. Letramento emocional no ensino de línguas. In: TOLDO, C.; STURM, L. (org.). Letramento: práticas de leitura e escrita. Campinas: Pontes Editores, 2015. p. 65-78.
CANDAU, V. M. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 37, p. 45-56, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-24782008000100005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/5szsvwMvGSVPkGnWc67BjtC/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 13 nov. 2024.
CANDAU, V. M. Diferenças, educação intercultural e decolonialidade: temas insurgentes. Revista Espaço do Currículo, v. 13, n. esp., p. 678–686, 2020. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13nEspecial.54949. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/54949. Acesso em: 13 nov. 2024.
CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. Prólogo. Giro decolonial, teoría crítica y pensamiento heterárquico. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007. p. 9-24.
CHARAUDEAU, P. A patemização na televisão como estratégia de autenticidade. [2000]. Tradução de Renato de Mello. In: MENDES, E.; MACHADO, I. L. (org.). As emoções no discurso. vol. II. Campinas: Mercado de Letras, 2010. p. 23-56.
DANBLON, E. La fonction persuasive. Anthropologie du discours rhétorique. Origines et actualité. Paris: Armand Colin, 2005.
DAMASCENO-MORAIS, R. Dialogando com a perspectiva dialogal da argumentação. In: PIRIS, E. L.; RODRIGUES, M. G. S. (org.). Estudos sobre argumentação no Brasil hoje: modelos teóricos e analíticos. Natal: EDUFRN, 2020. p. 143-169. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30395. Acesso em: 13 nov. 2024.
EGGLEZOU, F. O debate no limiar da Pedagogia Crítica e da Paideia retórica: cultivando cidadãos ativos. Tradução de Ana Lúcia Magalhães. EID&A - Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, v. 20, n. 2, p. 200-223, 2020. DOI: https://doi.org/10.47369/eidea-20-2-2780. Disponível em: https://periodicos.uesc.br/index.php/eidea/article/view/2780. Acesso em: 13 nov. 2024.
FOUCAULT, M. Sobre a história da sexualidade. In: FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. p. 243-276.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 26. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004 [1996].
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 40. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005 [1970].
FREIRE, P. Educação e mudança. 37. ed. Paz e Terra: São Paulo, 2016 [1976].
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Notas: Ana Maria Araújo Freire. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021 [1992].
GIROUX, H. Professores como intelectuais transformadores. In: GIROUX, H. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p. 157-164.
GOHN, M. G. Educação Não Formal, aprendizagens e saberes em processos participativos. Investigar em Educação, v. 1, p. 35-50, 2014. Disponível em: https://epale.ec.europa.eu/sites/default/files/gohn_2014.pdf. Acesso em: 13 nov. 2024.
GONÇALVES-SEGUNDO, P. R. A configuração funcional da argumentação prática: uma releitura do layout de Fairclough & Fairclough (2012). EID&A – Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, v. 19, n. 2, p. 109-137, 2019.
GONÇALVES-SEGUNDO, P. R. Afinal, o que é um argumento? Linha D’Água, São Paulo, v. 37, n. 1, p. 197-227, 2024. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/221360. Acesso em: 13 nov. 2024.
GOULD, Stephen Jay. A falsa medida do homem. Tradução de Maria Antônia Van Acker. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
GRÁCIO, R. A. Perspetivismo e Argumentação. Coimbra: Grácio Editor, 2013.
JOHNSON, R. H. Manifest rationality: a pragmatic theory of argument. Mahwah, N.J: Lawrence Erlbaum Associates, 2000.
LIMA, S. F. A.; PIRIS, E. L. A noção de capacidade argumentativa em diferentes perspectivas de estudo da argumentação. Fólio - Revista de Letras, v. 13, n. 2, p. 683-705, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22481/folio.v13i2.9324. Acesso em: 13 nov. 2024.
MIGNOLO, W. El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura. Un manifesto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre, 2007. p. 29-46.
MOSCA, L. S. O espaço tensivo da controvérsia: uma abordagem discursivo-argumentativa. Filologia e linguística portuguesa, n. 9, p. 293-310, 2007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/flp/article/view/59785. Acesso em: 13 nov. 2024.
MOTA NETO, J. C. da. Por uma pedagogia decolonial na América Latina: Convergências entre a educação popular e a investigação-ação participativa. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, v. 26, p. 1-21, 2018. DOI: https://doi.org/10.14507/epaa.26.3424. Disponível em: https://epaa.asu.edu/index.php/epaa/article/view/3424. Acesso em: 13 nov. 2024.
MOTA NETO, J. C. da; STRECK, D. R. Fontes da educação popular na América Latina: contribuições para uma genealogia de um pensar pedagógico decolonial. Educar em Revista, v. 35, n. 78, p. 207-223, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-4060.65353. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0104-4060.65353. Acesso em: 13 nov. 2024.
MUÑOZ, N. I.; MUSCI, M. Manual de lectura y escritura argumentativas: aproximaciones teóricas y actividades prácticas. Río Gallegos: Universidad Nacional de la Patagonia Austral, 2013.
OLIVEIRA, L. F. de; CANDAU, V. M. F. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista, v. 26, n. 1, p.15-40, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-46982010000100002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/TXxbbM6FwLJyh9G9tqvQp4v/?lang=pt#. Acesso em: 13 nov. 2024.
OLÍMPIO-FERREIRA, M. Retórica e sociedade: a valorização da multidimensionalidade. In: PIRIS, E. L.; OLÍMPIO-FERREIRA, M. (org.). Discurso e argumentação em múltiplos enfoques. Coimbra: Grácio Editor, 2016. p. 17-42.
PINHEIRO, B. C. S. Como ser um educador antirracista. São Paulo: Planeta do Brasil, 2023.
PIRIS, E. L. O ensino de argumentação como prática social de linguagem. In: GONÇALVES-SEGUNDO, P. R.; PIRIS, E. L. (org.). Estudos de Linguagem, Argumentação e Discurso. Campinas: Pontes, 2021. p. 135-153.
PIRIS, E. L. A reinscrição das antigas retórica, dialética e lógica nas contemporâneas perspectivas integradoras da argumentação. In: BENVINDO, J.; ROCHA, M.; TOMAZ, P.; LOPES, M. (org.). Argumentação, Retórica e Análise do Discurso. Campinas: Pontes, 2025. p. 15-38.
PIRIS, E. L.; PINTO, R.; SOUZA, G. S. de. Apresentação: A argumentação nas práticas sociais. Entrepalavras, Fortaleza, v. 9, n. 1, p. 6-17, 2019. Disponível em: http://www.entrepalavras.ufc.br/revista/index.php/Revista/article/view/1685/596. Acesso em: 13 nov. 2024.
PIRIS, E. L.; AZEVEDO, I. C. M. “Fique em casa” versus “O Brasil não pode parar”: interações argumentativas na pandemia de covid-19. In: PIRIS, E. L.; MASSMANN, D. (org.). A argumentação nos discursos sobre a pandemia da covid-19. Maceió: EDUFAL, 2021. p. 32-45. Disponível em: http://www.repositorio.ufal.br/handle/123456789/8028. Acesso em: 13 nov. 2024.
PLANTIN, Ch. Le trilogue argumentatif. Présentation de modele, analyse de cas. Langue française, v. 112, p. 9-30, 1996. Disponível em: https://www.persee.fr/doc/lfr_0023-8368_1996_num_112_1_5358. Acesso em: 13 nov, 2024.
PLANTIN, Ch. A argumentação: história, teorias, perspectivas. Tradução de Marco Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2008 [2005].
PLANTIN, Ch. A argumentação. Tradução de Rui Alexandre Grácio e Martina Matozzi. Coimbra: Grácio Editor, 2010 [1996].
PLANTIN, Ch.; MUÑOZ, N. I. El hacer argumentativo. Buenos Aires: Biblos, 2011.
PLANTIN, Ch. “Não se trata de convencer, mas de conviver”: a era pós-persuasão. Tradução de Weslin de Jesus Santos Castro e Eduardo Lopes Piris. EID&A - Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, n. 15, p. 244-269, 2018. DOI: https://doi.org/10.17648/eidea-15-2066. Disponível em: https://periodicos.uesc.br/index.php/eidea/article/view/2066/1543. Acesso em: 13 nov. 2024.
QUIJANO, A. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, E. (org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas Latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000. p. 201-246.
RAMOS, F. S. Letramento emocional. In: LANDULFO, C.; MATOS, D. (org.). Suleando conceitos em linguagens: decolonialidades e epistemologias outras. V. 2. Campinas: Pontes, 2024. p. 145-151.
RAVITCH, D. Vida e morte do grande sistema americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Tradução de Marcelo Duarte. Porto Alegre: Sulina, 2011.
SÁ MARTINS, A. P.; KERSCH, D. F.; TINOCO, G. A.; AZEVEDO, I. C. M. (org.). Letramentos e argumentAÇÃO: questões conceituais e de ensino. Campinas: Pontes, 2021.
SEIXAS, R. O terreno pantanoso da doxa. EID&A – Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, v. 23, n. 2, p. 142-160, 2023. DOI: https://doi.org/10.47369/eidea-23-2-3741. Disponível em: https://periodicos.uesc.br/index.php/eidea/article/view/3741. Acesso em: 13 nov. 2024.
TINDALE, Ch. W. The Anthropology of Argument: Cultural Foundations of Rhetoric and Reason. Routledge: London, 2021.
TINDALE, Ch. W. Uma abordagem antropológica da argumentação. In: AZEVEDO, I. C. M. de; PIRIS, E. L. (org.). Argumentação e discurso na multidisciplinaridade. Campinas: Pontes, 2024. p. 55-88.
TOULMIN, S. E. Logic and the criticism of arguments. In: GOLDEN, J. L.; BERQUIST, G. F.; COLEMAN, W. E. (ed.). The rhetoric of western thought. Dubuque: Kendal; Hunt Pub, 1983. p. 391-401.
VIEIRA SILVA DE ANDRADE, W. Th.; NUNES DA SILVA JÚNIOR, S. A perspectiva decolonial como elemento para a (re)construção do ensino de língua portuguesa. Revista Areia, v. 5, n. 6, p. 58-65, 2022. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/rea/article/view/13593. Acesso em: 13 nov. 2024.
WALSH, C.; OLIVEIRA, L. F.; CANDAU, V. M. F. Colonialidade e pedagogia decolonial: para pensar uma educação outra. Education Policy Analysis Archives, v. 26, n. 83, p. 1-11, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.14507/epaa.26.3874. Disponível em: https://epaa.asu.edu/index.php/epaa/article/view/3874. Acesso em: 13 nov. 2024.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Diálogo das Letras

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
A Diálogo das Letras não se responsabiliza por conceitos e opiniões emitidos pelos autores, tampouco manifesta, necessariamente, concordância com posições assumidas nos textos publicados. Além disso, os dados e a exatidão das referências citadas no trabalho são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem seus trabalhos, os autores concordam que os direitos autorais referentes a cada texto estão sendo cedidos para a revista Diálogo das Letras; ainda concordam que assumem as responsabilidades legais relativas às informações emitidas.