Eu não queria matar...: uma análise da modalidade volitiva em depoimentos de notícias de página policial
DOI:
https://doi.org/10.22297/2316-17952020v09e02002Palavras-chave:
Gramática Discursivo-Funcional, Modalidade Volitiva, VoliçãoResumo
Este trabalho tem por objetivo descrever e analisar qualitativamente a modalidade volitiva que, segundo Hengeveld e Mackenzie (2008), está relacionada ao que é (in)desejável, em depoimentos de notícias de página policial de divulgação na internet. Para isso, tomamos por base a tipologia das modalidades de Hengeveld (2004), depois revista e ampliada na Gramática Discursivo-Funcional (GDF). A partir dos parâmetros estabelecidos na GDF, bem como em trabalhos posteriores acerca da categoria modalidade, tais como Hengeveld (2011), Dall"™Aglio Hattnher (2016) e Oliveira (2017), pautamos algumas categorias de análise que pudessem proporcionar uma apreciação da modalidade volitiva no corpus selecionado, a saber: o tipo de argumento que ancora o valor modal (incursão da Retórica), a negação anteposta ao modalizador volitivo, a orientação modal, o tempo semântico, a controlabilidade do estado-de-coisas e os meios de expressão da modalidade volitiva. Após a análise dos dados, constatamos que os argumentos empregados pelo falante se baseiam na estrutura do real, tendo o advérbio de negação como um marcador discursivo que situa a volição expressa para o momento do depoimento, ainda que o evento esteja localizado em um momento posterior (preteridade). Em relação à orientação modal, foi constatado tanto a orientação para o Episódio (aspecto realis) quanto para a Proposição (aspecto irrealis) acerca de eventos não controlados [- controle] por parte do falante, sendo empregados verbos plenos, verbos léxicos em construções perifrásticas, substantivos e construções volitivas com verbo suporte para a manifestação da volição.
Downloads
Referências
DALL"™AGLIO HATTNHER, M. M.; HENGEVELD, K. The grammaticalization of modal verbs in brazilian portuguese: a synchronic approach. 2016. Journal of Portuguese Linguistics, Amsterdam, v.15, p. 1-14, 2016.
FONSECA, A. M. H. da. Tempo, aspecto, Modo / Modalidade (TAM) na expressão de futuridade. Estudos Linguísticos, São Paulo, v. 39, n. 1, p. 45-58, 2010.
GASPARINI-BASTOS, S. D. Distinções entre modalidade deôntica objetiva e subjetiva no português falado: o caso do verbo 'dever'. Confluência, Rio de Janeiro, v. 46, p. 273-287, 2014.
HENGEVELD, K. Mood, and modality. In: BOOIJ, G.; LEHMANN, C.; MUGDAN, J. (eds.) Morphology: a handbook on inflection and word formation. Berlin: Mouton de Gruyter. Berlin: Mouton de Gruyter, v. 2, p. 1190-1202, 2004.
HENGEVELD, K. The grammaticalization of tense and aspect. In: HEINE, B.; NARROG, H. (eds.). The Oxford handbook of grammaticalization. Oxford: Oxford University Press, 2011. p. 580-594.
HENGEVELD, K.; MACKENZIE, J. L. Functional Discourse Grammar: a typologically based theory of language structure. Oxford: Oxford Linguistics, 2008.
IATRIDOU, S. The grammatical ingredients of counterfactuality. Linguistic inquiry, Massachusetts, v. 31, n. 2, p. 231-270, 2000.
MORENO DA SILVA, F. O leitor de blog: configurações modal e enunciativa. Revista Signo, Santa Cruz do Sul, v. 34, n. 56, p. 184-197, jan.-jun. 2009.
NASCIMENTO, í. B. do. A tessitura do gênero depoimento judicial como estratégia para a condenação do réu. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUíSTICA, n. 2, 2011, Uberlândia. Anais [...]. Uberlândia: EDUFU, 2011. p. 1-13.
OLIVEIRA, A. S. Modalidade volitiva em língua espanhola nos discursos do Papa Francisco em viagem apostólica. 2017. 310f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, 2017.
PALMER, F. R. Mood and modality. New York: Cambridge University Press, 1986.
PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA, L. Tratado da argumentação: a nova retórica. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Diálogo das Letras
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Diálogo das Letras não se responsabiliza por conceitos e opiniões emitidos pelos autores, tampouco manifesta, necessariamente, concordância com posições assumidas nos textos publicados. Além disso, os dados e a exatidão das referências citadas no trabalho são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Ao submeterem seus trabalhos, os autores concordam que os direitos autorais referentes a cada texto estão sendo cedidos para a revista Diálogo das Letras; ainda concordam que assumem as responsabilidades legais relativas às informações emitidas.